Apesar de já ter feito cinco maratonas, sendo a última em Buenos Aires, ano passado, ainda carregava o fardo de nunca ter conseguido completar os 42k em menos de 4 horas; era sempre a mesma história: uma quebra em pouco mais da metade do trajeto, e aquele deus-nos-acuda de corre e anda para o pórtico de chegada.
O “projeto sub 4” começou em dezembro. A Smartfit começou com um tal de SmartNutri, onde alguns nutricionistas vão a academia para medir a bioimpedância dos alunos que compraram o serviço, e dão algumas sugestões de dieta via aplicativo. Seria bem válido fazer a prova com 10kg a menos, resolvi então tentar; parti de dezembro com 97kg, com 15% de body fat, para 87kg e 11% de body fat, em junho.
Então, se já não deixei um problema para trás, pelo menos diminui: faça o teste, coloque dois sacos de arroz de 5kg nas costas e corra 42km, é uma boa noção do quanto de energia que já estava poupando.
Outro ponto foi a quantidade e intensidade de treinos de musculação da semana, antes 3x por semana – somente quando não fazia os tiros, para 5x por semana, adicionando agora os dias que fazia os tiros, um treino um pouco mais corrido por conta do horário da aula. Um treino de força com pouco descanso (20 a 30s), com objetivo principal de alta queima de gordura.
E, o principal, senão nada disso funciona: evitar ao máximo as besteiras que comia quase todo dia. Não fiz uma restrição total, apensas evito estar atacando sempre alguma besteira, senão todo o esforço dito anteriormente seja em vão.
Já vinha percebendo a consequência disso nos treinos de tiros e longos. Os tiros fluindo bem melhor do que estava acostumado, não cansava tanto com uma recuperação bem rápida; longões fluindo cada vez melhor. Cheguei a fazer um dos longos de 32km com uma média de 4:55 min/km, com aquelas paradas para hidratar, comer, e vez ou outra pelo cansaço mesmo.
Evitei também fazer provas durante estes três meses de preparo para a maratona, para não gastar energia em algo que não era meu foco. A única que fiz neste período, era a única de rua que havia feito no ano, uma meia no RJ, que passei um calor danado e foi um sufoco completar.
Passada toda a fase dos treinos de volume, restou viajar para Floripa no feriado de Corpus Christi, e se preparar para o fim de semana da prova.
Cheguei em Floripa na quinta de manhã, em um voo tranquilo de uma hora de duração, partindo de Guarulhos.
No aeroporto esperei cerca de meia hora pela Milena, que estava a caminho de lá também, para então ir aos respectivos hotéis, e, em seguida, para a retirada do kit.
Chegamos no Shopping Iguatemi por volta das 13:30 para a retirada dos kits, que ocorrera no último andar do shopping. O local estava bem tranquilo, com praticamente zero de filas em todas as etapas.
O kit veio composto pelo número de peito com o chip acoplado, camiseta, uma bandana, e uma proteina em pó de um dos patrocinadores.
Ainda na retirada, aproveitei para comprar na loja da Ativo um porta número de peito de cintura, para usar na prova.
O local contou também com uma área que teria palestras em determinados horários para falar sobre a provas e assuntos relacionados a ela. Não estava ocorrendo enquanto estavamos lá.
Aproveitei também para fazer os 15 min de recovery boots, antes de ir-mos embora para almoçar.
Deu para aproveitar um pouco da cidade nos demais dias, receber os demais amigos que chegaram nos dias seguintes: Kelly, Gustavo, Fernanda, que fariam a meia – além da Milena, e a Lilliam estreando na maratona.
O sábado foi para passar o dia descansando na praia mole, com um pré maratona em um jantar de massas em uma casa especializada, próxima ao Shopping Beira Mar, e dormir cedo.
Tomei um Adivil para zerar o corpo para a batalha do dia seguinte, além de relaxar para conseguir dormir rapidamente.
Finalmente chega domingo, dia da prova. Acordei por volta das 4:30 da manhã. Comi de café o que sempre comi nos pré longos: pão com requeijão – nada de inventar. Me arrumei e sai, via 99, às 5 da manhã, rumo ao continente de onde seria o start da prova.
O domingo amanheceu bem frio. Estava de regata e foi meio dureza esperar até o inicio da prova.
Guardei meus pertences no guarda volumes, desta vez deixei também o celular, tanto para evitar um peso a mais, quanto para não ter um elemento distrativo no bolso – mesma estratégia utilizada nos treinos. O bolso também já estava cheio de suplementação auxiliar: caixas de rapadura e bananinha.
A largada da maratona foi dada por volta das 6:35, com um pequeno atraso. Depois de 15 minutos sairam o bloco da meia maratona, e 15 minutos depois da meia, os 10k, fechando as largadas do dia.
A estratégia passada foi correr na casa dos 5 baixo a prova toda (entre 5 e 5:20), tentando ao máximo manter uma cadência na casa próxima dos 165ppm, configurados no Garmin, não se preocupando em sair deste gap nos pontos de subida da prova. Consegui manter esta batida durante todo o percurso.
O percurso dito plano não é bem tão plano, tem alguns trechos de um “falso plano”, algo similar a Av. Pacaembu em São Paulo, parece que não mas da uma forçada a mais, além dos acessos a ponte que liga a ilha ao continente (km 3 na ida e km 38 na volta), e uma ponte próxima ao aeroporto no retorno da última perna no km 29.
Sobre as coisas que testamos na na hora errada e não da muito certo: as caixas de rapadura, que nos treinos ficam no apoio, e não no bolso. As pontas da caixa ficaram “cutucando” a coxa a prova toda. No km 5 ja estava com toda a área esfolada do atrito, dos dois lados da perna, não sei se foi o Adivil que tomei próximo ao km 10, mas depois disso, esta dor acabou passando. Para ver se aliviava, comecei a utiliza-las logo nos primeiros 40min de prova, e não depois do km 20, que tinha em mente.
Pelo menos isto não atrapalhou o desempenho / rendimento.
Bastante gente da assessoria participou desta prova, quase 30 pessoas, foram vários os encontros durante o percurso no vai e vem. O Adriano Bastos inclusive nos deu um apoio de bike, com coca cola, acompanhou, tirou fotos e fez vídeos de nós no trajeto, um registro bacana de guardar.
E assim consegui, finalmente, concluir a prova, em 3:43, sem paradas para descanso, sem quebras, tudo conforme planejado e que vinha buscando a bastante tempo. Somente uma parada para banheiro no km 22, mas nada demais, por isso considero válido o tempo de relógio, e não o oficial da prova.
Fiquei bem feliz e satisfeito com o resultado, e diria que foi a prova que mais me emocionou na chegada, ainda mais quando você tem em mente que está superando sua última marca em quase 40 minutos, ficando mais de 15 minutos abaixo do tempo que você tinha quase como impossível conseguir, enfim. Completar uma maratona é sempre especial, ainda mais quando você chega naquele afunilamento final, com todo mundo apoiando e incentivando, os amigos torcendo por você, é indescritível a experiência.
A prova em si tem uma excelente estrutura, pontos hidratação a cada 2 – 3km, pontos com banheiro químico, área de recovery com sal, coca cola, pontos de distribuição de gel, tudo que uma prova com este porte necessita, estava disponível.
Parabéns para a O2 pela organização, e por encontrarem meu documento que perdi em algum ponto do percurso e me entregaram na chegada.
Agora, perder mais peso e tentar um sub 3:30? Sem pressão! hahaha